quinta-feira, 5 de junho de 2008

EM MEMÓRIA DE BOBBY 20 Nov 1925 - 6 Jun 1968


Deixo aqui para memória, o maravilhoso discurso de Robert F. Kennedy, feito em circustâncias muito tristes para a humanidade no dia 5 de Abril de 1968 em Indianapolis, pois foi fruto do anúncio formal do assassinato de Martin Luther King.

Cerca de dois meses depois, este também seria assassinado de uma forma muito semelhante. Como hoje passam 30 anos sobre este evento, decidi recorda-lo.


Conheci este discurso quando tive oportunidade de ver o filme "Bobby" de Emílio Estevez (já agora, não percam pois é uma fotografia muito interessante de toda uma época, cheia de esperança... destruidas nesse dia? talvez... mas cá estamos nós para alimentar um sonho - e o sonho comanda a vida).


Não é dia para políticas, guardei esta oportunidade, o meu único evento de hoje, para vos falar brevemente sobre a insensata ameaça de violência na América. Que mancha, de novo, a nossa terra e todas as nossas vidas.


Não é a preocupação exclusiva de uma raça. As vítimas da violência são negros e brancos, ricos e pobres, novos e velhos, famosos e desconhecidos. São, acima de tudo, seres humanos que outros seres humanos amavam e de que precisavam. Ninguém, não importa onde viva ou o que faça, pode ter a certeza de quem irá sofrer a seguir por causa da insensatez de um acto sangrento. E, no entanto, continuam sem parar neste nosso país. Porquê? O que foi que a violência alguma vez conseguiu? O que foi que alguma vez criou?


Sempre que a vida de um americano é tirada por outro americano, desnecessariamente, quer seja em nome da lei quer em desafio da lei, por um homem ou por um bando, a sangue frio ou numa fúria descontrolada, num ataque de violência ou em resposta a violência, sempre que destruímos o tecido de vidas que outro homem penosamente e com dificuldade teceu para si e para os seus filhos, sempre que fazemos isso, toda a nação se degrada.


No entanto, parece que toleramos um nível crescente de violência, que ignora a nossa comum humanidade e o nosso direito à civilização.


Com demasiada frequência honramos a agressividade arrogante, e quem usa a força.
Com demasiada frequência, desculpamos os que querem construir as suas vidas sobre os sonhos destroçados de outros seres humanos.


Mas uma coisa é certa: violência gera violência. Repressão cria retaliação. E só uma limpeza de toda a nossa sociedade pode remover esta doença das nossas almas.
Porque quando se ensina um homem a odiar e temer o seu irmão, quando se ensina que ele é um ser inferior por causa da sua cor ou das suas crenças ou das políticas que segue, quando se ensina que quem é diferente de nós ameaça a nossa liberdade ou o nosso trabalho, ou a nossa casa ou a nossa família, então também aprendemos a confrontar os outros, não como concidadãos, mas como inimigos. Não a negociarmos com paz mas a vencermos com violência. A sermos subjugados e dominados.


Aprendemos, como consequência, a vermos os nossos irmãos como estranhos. Estranhos com quem partilhamos uma cidade mas não uma comunidade. Homens ligados a nós por um espaço comum mas não por um esforço comum. Aprendemos a partilhar apenas um medo comum, apenas um desejo comum, de nos afastarmos uns dos outros. Apenas um impulso comum de enfrentar o desacordo com a força.


As nossas vidas neste planeta são muito curtas. O trabalho a ser feito é demasiado grande para deixar que este estado de coisas avance nesta nossa terra.
Claro que não podemos bani-lo com um programa, nem com uma resolução. Mas talvez possamos lembrar-nos, mesmo que seja só por algum tempo, que os que vivem connosco são nossos irmãos, que partilham connosco o mesmo curto momento de vida, que eles procuram, como nós, apenas as oportunidades para viver as suas vidas com um propósito e com felicidade, conseguindo a satisfação e a realização que podem.


Certamente, este laço de destino comum, este laço de objectivos comuns, pode começar a ensinar-nos alguma coisa.


Certamente, podemos aprender, pelo menos, a olhar em volta para o próximo e certamente podemos começar a esforçar-nos um pouco mais para sarar as feridas entre nós e tornar-nos dentro dos nossos corações, irmãos e compatriotas, de novo
."


Robert Francis Kennedy,
discurso “On the Mindless Menace of Violence” Cleveland, Ohio